VITÓRIA RÉGIA
O sol nascente, esplendendo em púrpura num céu limpo de estio, tecia arabescos fúlgidos nos cimos das castanheiras, cintilava nas arestas dos barrancos e arremessava pela mataria quieta longas setas de luz que varavam a espessura das frondes e caíam vivamente na folhagem úmida do solo despertando insetos e répteis.
A lâmina lustrosa de um lago surgia imensa e tranquila, ora acompanhando curvas de enseadas, ora se esbatendo nas pontas agudas, ora fulgindo nas reintrâncias dos furos ou morrendo confusamente, escura e fugidia, na depressão dos igapós.
E ao centro, bem no meio da placa líquida, a água rutilava e tremia sob o fulgor da luz matinal.