CHEIA AMAZÔNICA
Sobre a várzea escura jorra incessantemente o lento aguaceiro do inverno.
Dia e noite o vendaval, em frias e largas rajadas do vento sul, revira os galhos das embaúbas, açoita os ramos frágeis das ueranas, arrepia ao longo da margem a folhagem macia dos murys e atravessa a floresta bramindo, gemendo, silvando entre as frondes numa fúria desatada.
O grande rio galga a pouco e pouco a terra mole dos barrancos, que se esboroa ao choque insistente dos banzeiros. Invade a teia sombreada dos igapós lambendo os troncos das árvores como se tentasse afogá-las de vez ou arrancá-las do solo e levá-las na vertigem da correnteza. Penetra nas embocaduras dos lagos num rugido de gula insatisfeita. Vara a mataria