À Margem do Amazonas

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O Tupana é um deles. Deixa-se o Autaz, que é um paraíso da pecuária, todo pontilhado de Fazendas, de campos bucólicos, de longas várzeas forradas de miúm e colônia; penetra-se no Autaz-mirim, mais pobre, porém ainda com casas pelas margens, roças alegres, castanhais esparsos, cacaueiros silvestres.

E de súbito, desemboca-se no Tupana, rio de águas escuras, profundo, melancólico, deserito. A sua foz é larga, quase uma baía, e longe, ao fundo dessa baía desabitada, desse começo do Tupan-paraná (rio de Deus, em tupy-guarany) se vê um grupo de três palhoças, três sórdidos casebres, desaprumados, toscos, primitivos, que tornam mais triste ainda o lúgubre recanto.

Foi aí que alguns índios Muras se refugiaram, depois de perseguidos no Madeira, no Autaz, no Solimões e na Mundurucania, numa extensão de milhares de quilômetros.

Ali estava o derradeiro acampamento de alguns desses Muras que durante anos abalaram toda a Capitania, sustentando guerrilhas