extremamente generosos e mesmo, algumas vezes, pródigos. Ninguém apelava em vão para a sua generosidade. O engenho Sinimbu oferecia a toda gente uma larga e cativante hospitalidade, que se tornou tradicional na província. Essas qualidades morais, mais do que a abastança em que a família vivia e a influência política que exercia, grangearam o acatamento e a veneração que a cercavam, em São Miguel dos Campos e municípios adjacentes.
Atravessava a família essa existência tranquila característica da sociedade abastada do tempo, quando a revolução de 1817 veio perturbá-la seriamente.
Toda gente está farta de saber que as ideias democráticas abrolharam no Brasil, principalmente em Pernambuco, semeadas por homens que haviam formado sua mentalidade no Velho Mundo, por livros introduzidos clandestinamente na colônia e por associações políticas cautamente disfarçadas em inofensivos grêmios literários.
A propaganda, porém, ficou limitada aos círculos letrados, nas cidades litorâneas. Não penetrou o interior, não se difundiu na massa popular, ignorantíssima, presa da superstição da origem divina da realeza e esmagada pela compressão das autoridades reinoes e dos senhores nos seus latifúndios. Por isso mesmo essa difusão não era possível. Nos lugares maiores, como Recife, e nos povoados de certa importância, como Alagoas, havia uns tantos elementos de disseminação — havia o livro, embora raro e privilégio de poucos; havia um certo espírito de associação, apesar dos rigores da vigilância policial, havia um alvorecente sentimento de autonomia política formada pela