O Visconde de Sinimbu: sua vida e sua atuação na política nacional

convicção da superioridade da colônia sobre a metrópole, que era visível. E se bem que tudo isso fosse ainda peças mal ajustadas na engrenagem social, era contudo elementos valiosos de reação, não diremos democrática, nacionalista.

Todavia, mesmo nos centros diretores da civilização colonial, o derrame das ideias democráticas era restrito a algumas dezenas de iniciados, mais letrados que homens de ação. Sem o menor exame dos acontecimentos políticos e das condições sociais do meio e do momento histórico brasileiro, adotava-se a revolução, o apelo extremo à força, como recurso seguro e único para a implantação dessas ideias. Mas essa força, que serviria de base à revolução, não era a força emanada do povo, na consciência plena de sua soberania — era a tropa.

No Brasil, como em toda a América espanhola, observa Oliveira Lima, faltava povo. Existia a ralé, sem menor intervenção na vida política e sem a educação necessária para essa intervenção. Para ela as subtilezas diferenciais dos dois regimes — a colônia com o rei a sugar insaciavelmente a riqueza proveniente da cultura da terra e da exploração aurífera, ou a autonomia colonial sem ele — não tinham importância, porque escapavam à sua mentalidade. Quando muito essa massa popular, aviltada pela servidão secular, marcada indelevelmente pela ignorância, mesmo dela excluindo a escravaria, que a legislação equiparava ao gado, só podia ter uma ideia da autoridade, e era que o rei encarnava a divindade, e um conceito da liberdade, aquele que mais de perto lhe falava aos instintos.

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