O Visconde de Sinimbu: sua vida e sua atuação na política nacional

A organização política da comunidade, por escapar à sua compreensão, não lhe podia interessar.

Mesmo em Recife, os adeptos conscientes da república não chegavam, talvez, a uma centena. Contavam-se apenas algumas dezenas de homens entusiastas, de inteligências diretoras formadas à europeia, nas universidades e nos claustros. Pelo interior da capitania eram raríssimos os que andavam era dia com os graves mistérios da democracia e os comentavam, a medo, em palestras íntimas, escapas ao ouvidor e autoridades militares.

Falava-se, é certo, a cada momento, no povo, nos direitos do povo, nos sagrados interesses do povo. Mas o povo, na realidade, era uma ficção, simples figura de retórica empregada, como ainda hoje, talvez de boa fé, pela demagogia irrompente do espírito revolucionária francês, que os intelectuais da colônia assimilavam ainda muito mal.

Demais, em Recife, nos centros literários de agitação revolucionária, nunca apareceu um caudilho, a Bolívar, a San Martin, que soubesse insuflar na massa heterogênea de assalariados os próprios anseios de liberdade individual, acendendo-lhe o sentimento de revolta contra as detestáveis autoridades coloniais, aproveitando-lhe as disposições de ânimo e a natural aversão pela compressão de que era vítima.

Os homens que promoveram e realizaram a restauração de Pernambuco do domínio holandês, souberam interessar no pleito sangrento a massa popular. Interessaram o negro e interessaram o índio, pondo à frente das duas raças espoliadas dois chefes valorosos, dando-lhes a percepção clara da própria força que elas encarnavam e da importância

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