ordem administrativa, na ordem política, na ordem social e na ordem econômica.

Os cargos públicos já não eram vedados aos filhos do país. Os portos brasileiros, abertos ao comércio de todas as nações, puseram termo ao monopólio lusitano dos nossos produtos. A esse tempo, disse Oliveira Martins, os homens mais ilustres de Portugal haviam nascido no Brasil. Anteriormente o brasileiro "não passava de agricultor, frade e soldado e mesmo na milícia não subia do posto de tenente", assevera Melo Morais. Em 1817 a situação era inteiramente diversa.

A revolução pretendeu precipitar um fato inevitável, mas complicando-o com a ideia da separação, quebrando o bloco continental que Portugal levara quatrocentos anos a construir. E fê-lo o sem inteligência, de súbito, por um pronunciamento de quartel, a que o povo, em cujo nome ele se fazia, assistiu atônito.

O exemplo das colônias espanholas não servira de norma orientadora da evolução. Na Argentina, por exemplo, a caudilhagem aproveitou habilmente as qualidades naturais e as disposições gaúchas, compreendendo, na afirmativa de Sarmiento, que "aquelas forças físicas, tão desenvoltas, aquelas constituições espartanas, aquelas disposições guerreiras que malbaratavam em punhaladas e talhos entre uns e outros, aquela desocupação romana a que faltava um Campo de Marte para pôr-se em exercício, aquela antipatia à autoridade, tudo enfim encontrava o caminho para abrir passagem e sair à luz, estender-se, desenvolver-se".