dos cursos provincianos com tinturas de latim, retórica e filosofia. Seu prestígio fora conquista do seu merecimento, das suas qualidades morais e da sua situação de independência pessoal. Talvez não tivesse ele uma compreensão exata do fato político da revolução e não pesasse a gravidade das consequências pessoais do seu comprometimento. Dando a sua solidariedade ao movimento, não o teria feito por convicção republicana, mas unicamente tocado pelo sentimento de autonomia política do país. A república não podia estar nas aspirações do seu espírito oligárquico. Como todos os membros da orgulhosa aristocracia rural, Vieira Dantas era uma afirmação do pensamento conservador da supremacia da velha nobreza agrária, que via no rei a encarnação suprema do poder. O antagonismo profundo existente entre portugueses e brasileiros, de par com a aspiração da independência da colônia, que já havia atingido à maioridade, o impelira a cumpliciar-se com a revolução.
Não sabemos se as relações pessoais que mantinha em Pernambuco lhe deram conhecimento prévio da trama sediciosa. O que é certo é que, em Alagoas, ele foi, com os de sua família, o que hoje se chama um revolucionário autêntico.
Aliás em Alagoas quase toda gente aderiu à revolta. Teve-se a impressão de que a realeza fora banida do Brasil e a república, com a independência, era um fato consumado. Para essa impressão muito concorreu o exagero do malogrado emissário pernambucano, Padre Roma, na sua passagem para a Bahia, tendo em pouco caso uma permanência mais demorada na comarca.