O Vale do Amazonas

que não sonha o presente, mas que porventura está escrita nos destinos do futuro. Ora, o traço dessa capital deveria revelar um plano, uma ideia grande, um pensamento elevado. Mas, ao contrário, que ausência de gosto e que despropósitos em uma cidade inteiramente nova! Não digo que, como Alexandre, lançássemos ali os fundamentos grandiosos de uma rival de Tyro, ou que com a perspicácia e o gosto de Pizarro em Lima, traçássemos o plano de outra cidade real, la ciudad de los Reys. Quisera que projetássemos uma cidade modesta, porém elegante, que atestasse a nossa civilização de 1850 (a criação da província é dessa época), e fosse na história um protesto vivo contra o mau gosto e brutalidade com que os portugueses edificaram esses ridículos montões de casaria, a que chamavam cidades nas colônias, estragando quanta situação linda lhes oferecia a natureza. Pois bem: imitaram a metrópole, descobriram para a capital do Alto Amazonas o nome bárbaro de uma tribo já esquecida, e com palhoças, curvas e casébres desaproveitaram uma magnífica posição. O que ficou, ficou; quem foi nomeado presidente, deixou-se estar, e, enquanto um cuida da sua eleição, outro da do seu compadre, o mal agravou-se dificultando a emenda.

Será curioso no futuro conhecer a soma e a natureza dos artigos que constituem agora o