O Vale do Amazonas

mesmo. O índio, escreve Grandidier, trabalha lentamente, sem desanimar diante das dificuldades, nem com a duração da obra que começara. \"Eu vi na Paz, acrescenta ele, um operário boliviano, que, trabalhando todos os dias, não tinha gasto menos de um ano na escultura apenas de um capitel para a catedral... Tal é o caráter desse povo. Demais, sabe-se que o governo dos Incas era já baseado sobre o trabalho constante e forçado da classe baixa. Os impostos que cada cidadão tributado devia ao Estado, pagavam-se em prestações de objetos em ser: cada índio devia cultivar os campos pertencentes quer à divindade protetora, quer ao monarca\" (55)Nota do Autor. É assim que se explica a incrível perseverança dos bolivianos que fazem a navegação dos rios e particularmente a penosa travessia das cachoeiras do Madeira, e a não menos penosa travessia dos Andes, que eles passam tomando sobriamente a chicha e mastigando a coca.

Certamente o trabalho forçado, ou o regimes servil dos índios sujeitos aos comandantes, ao arbítrio, às sevícias e expoliações dos brancos é um sistema deplorável; se ele mantém certa ordem exterior e certa simetria despótica, impede a formação das pequenas fortunas, o crescimento do bem estar geral, a criação de capitais, o desenvolvimento da civilizacão, e eterniza o embrutecimento das massas, a maior das tristezas sociais