suprimir os usos que hoje excitam justa indignação.

Este modo de encarar a questão é combatido geralmente, porque geralmente se reputa indispensável um sistema de tutela para os países povoados por uma raça decaída, como é a dos indígenas do Amazonas. Desde o tempo das primeiras descobertas, os espanhóis se esforçaram por sujeitar a um regimen forçado, ou fosse pelo governo militar, ou pela catequese sacerdotal, o trabalho dos índios. Daí perpetuou-se na tradição dos governos cristãos a ideia de um despotismo organizado, como meio de educação e incentivo de trabalho para os índios. O que esse sistema produziu em nosso país, a opressão, as matanças e os roubos que o acompanharam, nossa história, como a de todos os Estados americanos, o refere largamente. Deste bárbaro sistema pouco resta hoje, assim como poucas tribos povoam o nosso território. Nas vastas planícies do Solimões (Alto Amazonas) apenas se contam cerca de 17.000 mil índios de diversas tribos aldeados. Quem estuda a índole dos índios, reconhece logo quanto fácil é aos seus diretores oprimí-los e corrompê-los. O índio é trabalhador, pacífico, humilde, de uma boa fé infantil, de um desinteresse incrível, sóbrio e vigoroso. Mas o recrutamento, a guarda nacional, as eleições, o delegado, o comandante, o regatão, o vendilhão, o traficante de crianças,