educam nos hábitos da sociedade. Não é desses, porém, que falo; falo dos que são roubados ou comprados nas tribos para servirem nas plantações e nas feitorias. No Solimões há mercadantes ou regatões que carregando nas canoas machados, missangas, aguardente, etc., saem os rios desertos, o Yaporá, o Içá e outros, e a troco desses objetos ou a força conseguem trazer índios selvagens aos povoados do litoral, onde os cedem (ou os vendem) a quem os deseja. Quando passei em Tefé (13 de novembro de 1865) o juiz municipal formava processo a um negociante português, que praticara esse comércio criminoso, punido por nossas leis, no rio Yaporá. Ouvi ali nomear diversas pessoas, a quem se imputava cumplicidade nesses atos. Dizem que no alto Yaporá se compra um índio por um machado; os próprios país os vendem aos traficantes. Em Coary, Tefé, Tocantins, São Paulo, encontram-se os miranhas do Yaporá e do Içá reduzidos à servidão desde longa data. Alguns deles são trazidos das tribos que habitam o território de Nova Granada, circunstância que um dia poderá ocasionar desinteligências e queixas desagradáveis para o nosso pundonor nacional. Cumpro um dever acrescentando que as autoridades da comarca e da província procuram reprimir estes fatos, mas é lícito supor quanto difícil seja alcançar ali as provas de um crime inveterado e a condenação pelo júri, onde os juízes são porventura os