O Vale do Amazonas

E, pois, lhes é ela de suma utilidade. Dá-lhes água para beber; é nela que vão lavar a roupa. A temperatura das águas dessa baía é de +33° a +34°. Facilmente se concebe, pois, que em tais condições uma água cheia de matérias animais ou vegetais sujeitas à fermentação deve ser deletéria, impotável, e tornar-se para quem dela usa um lento mas infalível veneno. Um pouco mais adiante demora um igarapé de águas frescas e límpidas, cuja temperatura não excede de 21° e que ministram uma bebida mais sã e agradável, mas para isso seria necessário dar mais alguns passos, e, ou seja por natural indolência, ou por desmazelo proveniente do hábito, os habitantes preferem beber com a água a febre de que é foco a bacia situada mais a seu alcance.

Mas o que principalmente determina as doenças nos habitantes do vale amazônico é a má alimentação. Isto é igualmente uma consequência da indolência natural dos incolas, indolência aliás que deve por sua vez, até certo ponto, ser atribuída ao clima. Nos seus costumes, é justo dizê-lo, nem tudo é resultado da incúria; como o curso das estações determina as ocupações do povo, imprime-lhe hábitos tanto mais irresistíveis, quanto tem no clima a sua origem e razão de ser. Todavia, parece que só dos próprios amazonenses dependeria terem outro regimen de vida. Nas margens do rio nota-se uma viçosa e superabundante vegetação herbácea, magníficos pastos naturais, capazes de darem sustento