A Província - Estudo sobre a descentralização no Brasil

a grande missão de domarem o sufrágio e de converterem o parlamento em chancelaria do império.

Melhoramentos morais ou materiais, a instrução do povo, a emancipação do escravo, o povoamento dos nossos desertos pelo emigrante do norte do globo, vias terrestres ou fluviais, tudo protrai-se lentamente ou tudo está por fazer.

Em suma, governo absoluto, dispondo a capricho da segurança, da honra, da propriedade e da vida do cidadão, que vegeta sem tranquilidade e não cisma no futuro sem receios; espírito público corrompido, sem ideal, dominado pelas mais terrenas preocupações, inerte diante das exigências do patriotismo, indiferente à causa da liberdade — à honra de povo soberano: eis o resultado da centralização fundada sobre as ruínas do ato adicional.

De sobra alcançaram seu alvo os contrarrevolucionários de 1840: entorpecidas, anuladas, carregando responsabilidade mui superior às faculdades que lhes deixaram, nossas províncias oferecem o mais triste espetáculo. Lástima é vê-las debatendo-se nesse suplício. Do que se ocupam? O que nelas comove os espíritos? O que agita a imprensa? Excessos de autoridades irresponsáveis como o poder que as mantém, eleições viciadas, e sempre eleições, favores ilegais, pretensões de empregados, e, quando muito, projetos de intermináveis edifícios nas capitais.

Fossem, porém, as províncias reintegradas na sua autonomia constitucional, formassem livremente o seu governo interior, girassem com plena isenção no círculo dos interesses locais, e sem dúvida se desvaneceriam estas cenas mesquinhas, tristes efeitos da centralização.

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