A Província - Estudo sobre a descentralização no Brasil

Esboço de obra não acabada, o que valem nossas instituições provinciais a bem da liberdade política, o que podem para o fomento do progresso? Deficientes e incoerentes, não preservam uma, nem aceleram o outro. Cumpre encher as lacunas, cumpre eliminar as incongruências da organização atual.

Para curar enfermidade tão grave, não bastam medidas moderadas. Ou promovam a larga reforma descentralizadora, ou terminem uma situação equívoca e detestável proclamando francamente a unidade monárquica à europeia. Dividam então o Brasil em 200 circunscrições iguais, da ordem das comarcas, deem a cada uma conselho de prefeitura e administrador civil: herdem o parlamento ou o governo as atribuições legislativas das assembleias. É lógico, é pelo menos uma solução clara: acaba o equívoco, cessa o engano, completa-se resolutamente a obra destruidora que um novíssimo projeto de interpretação recomeça com a habitual temeridade das reações.

Terão, porém, esta audácia das suas convicções aqueles que sistematicamente hão amesquinhado a Província? Poderá a reação monárquica preencher todos os seus desígnios, e, depois de diluir o ato adicional, aboli-lo francamente?

Quanto a nós, preserva-nos deste receio a própria situação gerada pela política centralizadora, os descontentamentos que promove, as impaciências e irritações que excita. Quem desconhece, porventura, que só a descentralização pode abaixar os clamores que já ressoam contra a integridade do império?

A união não há de resistir muito tempo aos sacudimentos de sérios interesses conculcados ou desatendidos. Pedem-se de toda a parte escolas, estradas, trabalho livre, melhoramentos morais e materiais.

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