A Província - Estudo sobre a descentralização no Brasil

escravos, e todas, inclusive Bahia e Pernambuco, praticam o trabalho livre em escala considerável: o algodão, o café, o fumo, a borracha, o cacau, que elas exportam, não os produz o escravo; o próprio açúcar, em parte que aumenta progressivamente, é também fruto da liberdade. Algumas dessas províncias podem por si mesmas remir os seus cativos, e desejam aproximar a época da emancipação: nenhuma encara com pavor a política abolicionista. Fora, entretanto, mais plausível a exigência do lavor servil no clima ardente das nossas regiões do equador, que nos amenos campos e temperados vales das províncias tropicais. Todavia, naquelas, se ele diminui, cresce sem cessar a sua prosperidade; nestas, onde tudo favorece o trabalho livre e convida o imigrante, acumulou-se a escravatura; e, cavando a ruína de duas gerações, retardando o progresso, derramando o pânico, tornando incertos todos os cálculos, falíveis todas as empresas, a funesta instituição dominadora no Sul obriga a um adiamento temerário o resto do país, que pode afrontar o futuro com menos susto ou mais coragem. Repetindo a memorável frase de Sumner, se pode, portanto, dizer aqui, com a mesma exatidão que nos Estados Unidos: Freedom national, slavery sectional.

E, quanto a melhoramentos materiais, tem acaso o Norte um só porto, sem excetuar o de Pernambuco, onde se hajam feito trabalhos sérios? Em sete das províncias setentrionais, nenhum serviço notável custeia o Estado. Duas contam estradas de ferro condenadas à estabilidade, enquanto a de "Pedro II", ainda que timidamente, não tem cessado de prosseguir à custa da receita geral. Não possui o Norte marinha mercante; aos armadores do Rio de Janeiro paga

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