Introdução
O capitão de cavalaria, Theodor von Leithold, foi um dos muitos viajantes atraídos ao Rio de Janeiro pela transferência da corte, aqui chegando em outubro de 1919.
Cunhado de Silveira Pinheiro, — o eminente estadista e acatado, conselheiro de D. João VI, — animava-o a esperança de se estabelecer nos arredores da cidade como fazendeiro de café, contando com o parentesco influente para alcançar do rei, terras e o necessário financiamento.
Além da filha, viajou com ele um sobrinho, Ludwig von Rango, que não via a mãe desde que esta deixara Berlim em 1807, para juntar-se com o marido, em Lisboa, à comitiva real.
Desencantado logo com o meio e não suportando o clima estival, regressa Leithold, após uma permanência de escassos quatro meses, sem mesmo esperar pelo despacho à sua petição. Tampouco se demora o sobrinho, que viera no gozo de uma licença do seu soberano, por achar-se ainda sob as armas.
Já estavam de volta à Europa, em princípios de junho, 1820, e nesse mesmo ano publicavam ambos suas impressões de viagem, respectivamente em Berlim e Bruxelas.
Com certeza, no vasto campo dessa literatura não haverá outro exemplo de aparição simultânea de obras, cujos autores sejam da mesma nacionalidade, classe social e até família, sobre uma só aventura! Os títulos são logicamente os mesmos: Viagem de Berlim ao Rio de Janeiro e volta (aliás, subtítulo), o primeiro; Diário de uma viagem ao Rio de Janeiro e volta, nos anos de 1819 e 1820, em cartas, o segundo.