Para abrir, pois, os olhos dos que estão a ponto de se deixarem iludir por homens falsos ou subornados, de que o Brasil seja um país onde basta ter mãos e pés para se ganhar a vida, e oferecer a meus amigos uma prova de apreço, fiz imprimir estas páginas que não pretendem mais do que são(1). Nota do Autor
Posto que eu saiba quão ingrato é dizer a verdade a quem prefere ser iludido e seja difícil esclarecer a errada noção que se faz da liberdade aqueles para quem felicidade e dinheiro são aparentemente sinônimos, não se deve contudo omitir, por vários motivos, mesmo aos ávidos adeptos de Mamon, a advertência leal de que justamente nesse país nada irão encontrar e menos ainda aquilo que os faria felizes: ouro.
Lágrimas silenciosas vinham-me aos olhos cada vez que passava por uma oficina, loja ou casa e ouvia falar alemão, aparecendo em seguida um homem pálido, banhado em suor, cujo rosto parecia marcado pelo arrependimento. Oh! Pudesse eu falar ao coração dos que cometeram a loucura de trocar sua pátria, sua pátria alemã, por outra, em que o homem virtuoso é uma aparição inaudita e todos são escravos, sem exceção, como também persuadi-los a se não deixarem sucumbir pelas consequências de um passo errado. Mostrar-lhes-ia o futuro como num espelho e poderia, quiçá, despertá-los de sua letargia mediante uma boa resolução!
Ainda que eu esteja convencido de que só um desgraçado pode virar as costas à pátria para naturalizar-se noutro país (como se costuma dizer), também acredito na possibilidade de que espíritos inflamáveis e levados por românticas descrições cometam com entusiasmo o terrível passo de se desvestirem de seu ser alemão; pois, de cabeça fria e em sã consciência, tal equívoco é impossível.
Mesmo o sofrimento vivido não excusa uma decisão tão desesperada. Quem se propõe a fugir de seu torrão natal por se convencer da própria miséria, só a partir desta decisão deixa de ser alguém, se jamais o foi.
Debalde tentarão abalar-me a fé com a lembrança de tempos antigos, quando tribos inteiras abandonavam suas origens; em vão apresentar-me-ão os anais da história para provar-me que, mesmo em épocas recentes, massas de perseguidos, por