O Rio de Janeiro visto por dois prussianos em 1819

entre os passageiros e o capitão, da pesca a uma tartaruga, que quase lhe ia sendo fatal, passagens estas em que o autor não mais se refere ao Brasil. Saltou-se por isso à Palavra final e o Índice, que ocupam as últimas páginas).



Décima quinta carta

Rio de Janeiro, 9 de outubro de 1819.

Descrever a alegria, caro Egmont, que senti anteontem ao rever minha adorada mãe, jamais poderá fazê-lo a pena de um mortal; pelo que contenta-te, amigo, com a simples narrativa da minha chegada. A primeira visão da terra firme americana foi a 6 de outubro: o Cabo Frio. Depois de navegarmos algumas horas com vento favorável, vimos ao longe um brigue que vinha direito sobre nós. Alguns passageiros creram ver um pirata e empenharam-se em convencer os demais dessa ideia. Em vez do temido pirata, verificou-se uma longa hora mais tarde — que foi de preocupação para muitos — tratar-se ele um costeiro americano, que nos informou vir do Rio Grande e dirigir-se ao Rio de Janeiro. Depois de examinado a lazer, desapareceu na névoa, para trás. No dia 7, pela manhã, vimos claramente a costa pela frente e com impaciência procurava eu o sítio em que pensava lobrigar a entrada do porto. Vimos rochedos que correspondiam à imagem da mesma. Uma fragata que saía, logo deixou-nos ver a direção em que estava a barra.

Antes de continuar a descrição, deixe-me que transponha para aqui, o que escrevi ao divisar o Pão de Açúcar(2). Nota do Autor Foi um belo momento.



A SURPRESA
Teus olhos dirige para ali,
coma toirada cheia de saudades.
Vê os raios que sugam a nuvem
e que ela reflete de volta.