I
A motivação da viagem. Ajuda de custo concedida pelo rei. Renúncia a qualquer pensão de meu país. Brilhantes perspectivas. A partida de Berlim.
Calamitosa era minha situação financeira, devido à guerra de 1806 e suas consequências; para melhorá-la de algum modo no futuro eu não via possibilidade, pois a má sorte vinha eriçando de espinhos até a minha carreira de oficial de hussardos. Aqui em tua terra não te sorri a fortuna, parecia dizer-me uma voz interior e, acreditando nela, ocupou-se minha fantasia unicamente em arquitetar planos num país longínquo. O Brasil, terra da promissão, cujos campos sempre verdes se abrem generosos aos descontentes e aos desamparados de outras regiões atraiu minha atenção; e, como muitos compatriotas, alemães do Norte e do Sul, principalmente suíços, para lá emigravam, resolvi também empreender viagem no ano de 1819.
Até então recebia do Estado uma pensão anual de 500 táleres (1)Nota do Tradutor, que cessaria quando aparecesse uma ocupação civil; pelo que pedi a Sua Majestade uma soma ele 3.000 táleres para a execução de meus planos, a qual me foi graciosamente concedida. Em contrapartida renunciava não só à minha pensão como a quaisquer outros direitos, em vista dessa decisão.
Passei a respirar mais livremente, caíam-me as algemas da deprimente inatividade do que seria a melhor parte da minha existência. Sorria-me o futuro com brilhantes perspectivas. Não se tratava de um sonho de cavaleiro errante a construir castelos nas nuvens, sem base nem segurança. Não; o plano fora bem amadurecido e o alicerce sobre o qual eu ergueria meu edifício era o meu cunhado, ex-encarregado de negócios de Portugal em Berlim (2).Nota do Tradutor Mercê dos postos importantes que ele