ocupava na capital brasileira, onde granjeara pelo seu caráter e competência o afeto e o respeito geral, como pela confiança de que gozava junto ao rei, podia eu duvidar do bom resultado?
Arrumados meus negócios, despedi-me com melancólicos sentimentos de todos os que me eram caros e, a 20 de maio, acompanhado de um sobrinho, deixei Berlim, minha terra natal, piamente convencido de que nunca mais a ela voltaria.
II
Chegada a Hamburgo. Visita ao navio. Fratura da perna. O capitão. Restabelecimento. A cidade. Jungfernsteig. O Alster. O Paço Municipal. A Bolsa. O pavilhão. Os muros. Carestia. Como recebem os estrangeiros. Arrogância. Quartos mobiliados. Visita de infelizes. Vinhos falsificados. Os guardas-noturnos. Partida.
Na segunda-feira, 23 de maio, chegava eu pela tarde a Hamburgo e, na manhã seguinte, dirigi-me ao navio que me levaria ao termo da minha viagem. Era um três-mastros sob bandeira dinamarquesa (3)Nota do Tradutor; muito bem arranjado por dentro, era, por fora, na parte inferior, chapeado a cobre, o que lhe assegurava velocidade bem maior, pois nenhuma vegetação aquática adere ao casco. O camarote não só era decorado e mobiliado com gosto como tão espaçoso que seis passageiros podiam dormir à vontade em largos sofás laterais; não menos confortável e atraente era o camarote do capitão, destinado à minha filha segunda, de 19 anos, que eu ainda esperava de Berlim e me devia acompanhar na viagem.
O capitão, de nome Doormann, não se encontrava a bordo e eu queria muito, logo no primeiro dia, cumprimentá-lo e ter os necessários entendimentos para tudo determinar a tempo. O imediato ofereceu-se então para levar-me à sua