A expedição do acadêmico G. I. Langsdorff ao Brasil, 1821-1828

Sobre a seriedade com que G. I. Langsdorff se referia à tarefa que tinha diante de si, pode-se julgar pelas cartas enviadas à Academia de Ciências e pelos acordos estabelecidos com os membros da Expedição.

Mas a expedição russa não se restringia apenas à colheita de materiais científicos. As cartas de Langsdorff a governadores de províncias brasileiras atestam quão de perto lhe diziam respeito os interesses da população local, especialmente a indígena. Em seus diários, mais de uma vez ele deplorou que o Governo absolutamente não se preocupasse com os indígenas.

O humanismo de Langsdorff, tão característico de uma brilhante plêiade de viageiros russos, vincula-se a N. N. Miklukho-Maklaem, que com tanta paixão se bateu contra a opressão de que eram vítimas as tribos das ilhas norte-ocidentais do Oceano Pacífico.

Mas Langsdorff não compreendia que, nas condições de uma exploração colonial desumana, ao erguer sua voz em defesa dos direitos dessa parte oprimida da humanidade, estava simplesmente clamando no deserto.

Na segunda metade do século XIX e no primeiro quartel do século XX, dirigiu-se à América Latina grande número de expedições especiais, etnográficas e linguísticas. A organização de semelhante gênero de expedições explica-se, em grande parte, pela nova etapa da história mundial — a época imperialista, um de cujos traços característicos é o fortalecimento da expansão colonial dos Estados imperialistas.

Não é casual a circunstância de que, nesse período, o interesse pelo estudo, sob todos os aspectos, dos países da América Central e do Sul, economicamente dependentes, tenha crescido, em particular no primeiro quartel do século XX.

Sem pretender realizar uma análise detalhada desta questão, salientamos apenas que determinadas regiões da América Central e do Sul foram estudadas de modo especial por cientistas precisamente daqueles países que, política e economicamente, estavam nelas interessados. O Brasil, é claro, não constitui exceção a esse respeito. Estudaram-no principalmente, afora os cientistas locais, os representantes da ciência alemã — ciência que, sem nenhuma dúvida, está vinculada, desde há muito, aos projetos expansionistas do capital germânico e de