A expedição do acadêmico G. I. Langsdorff ao Brasil, 1821-1828

nomeado cônsul-geral da Rússia no Rio de Janeiro, Brasil, conservando-se seu título e seus honorários de acadêmico.

É difícil crer que sua nomeação como cônsul no Brasil tenha sido ditada por quaisquer interesses comerciais, como o afirma Cabany, referindo-se às "relações comerciais da Rússia com o Brasil"; ela deve ser vinculada, antes, à circunstância de que a Casa portuguesa dos Braganças, destituída por Napoleão, em 1808, proclamou império o Brasil, e o Rio de Janeiro se tornou assim residência do imperador e da Corte. (9) Nota do Leitor

Iniciando a viagem em dezembro de 1812, Langsdorff chegou ao Rio de Janeiro em 5 de abril de 1813, tendo cruzado o oceano em 67 dias. Em carta datada de 7 de maio de 1813, isto é, escrita um mês após sua chegada, notificou à Academia que ainda não tivera tempo para ocupar-se de pesquisas científicas, forneceu alguns títulos de trabalhos sobre botânica, publicados no Rio de Janeiro, e finalmente descreveu a tribo indígena dos botocudos (Boticudo, como escreveu ele), que habita "entre as províncias de Minas Gerais e Rio Doce". Nessa descrição, ressaltou ele a admirável semelhança que, em sua opinião, existe entre essa tribo e os habitantes da costa oeste-setentrional da América do Norte, que ele conheceu no curso de sua viagem de circunavegação da Terra.

Em fins de agosto de 1813, após nove meses de viagem por mar, chegou ao Rio, vindo de São Petersburgo, o ajudante e preparador Freireis, que lhe enviaram. E as coleções entomológicas e de peles começaram a crescer, se bem já antes, em raras ocasiões, Langsdorff conseguira enviar à Academia alguns desses espécimes.

Em carta de 30 de março de 1814, Langsdorff comunicou o envio da "continuação das mariposas dessecadas", referindo-se provavelmente a algum trabalho que estava sendo publicado. Prometeu remeter amostras de topázio azul brasileiro para o gabinete de mineralogia da Academia. Os botocudos continuavam a atrair sua atenção. Dizia ele: "Em minha carta de 7 de maio do ano passado, chamei a atenção da Assembleia