A expedição do acadêmico G. I. Langsdorff ao Brasil, 1821-1828

da Academia de Ciências para uma tribo deste continente, até agora pouco conhecida, os botocudos (Budocudo) e observei que entre este povo não muito numeroso impera o costume de perfurar o lábio inferior e nele introduzir um adorno — exatamente como no litoral norte-ocidental da América, com a só diferença de que, entre estes últimos, apenas as mulheres usam essa perfuração labial, ao passo que entre os indígenas brasileiros isso se verifica em ambos os sexos. Consegui reunir com dificuldade algumas palavras da língua desta nação, de modo que a Assembleia da Academia de Ciências tenha a possibilidade de compará-las com as da língua falada em Norfolk Sound [isto é, na ilha de Sitka — G. G. M.]:

cabeça — keh

orelhas — moh

nariz — jun

boca — mah

cabelos — rinkeh

dentes — yun

braço — iporo

mão — poh

dedo — ponting

unha — pogaringa

peito — min

umbigo — igraik

pernas — num

língua — itjo

comer - jakiä

joelho — ikarum

beber — itiok

fogo — jumbak

água — manjan

está frio — dabri

está quente — woga

sol — oda

lua — taru

estrelas — huneët

sujo — mèm

mulher — matoh

homem — jukna

grande — nikmun

pequeno — parakbebe

olhos — ketom"

Ignora-se, naturalmente, o que ele queria dizer com a afirmação de que reunira "com dificuldade" essas 30 palavras, mas entre elas há visíveis equívocos e sua transcrição altera bastante a fisionomia das palavras. É curioso notar que, precisamente nessa ocasião, um outro viajante, o príncipe Wied-Neuwied, se tenha ocupado com os botocudos e logo publicado um livro em que muito se fala neles. Também se interessou por eles o autor do Journal du Brésil barão Eschwege, explorador do Estado de Minas Gerais.

A 27 de junho de 1814, Langsdorff escreveu à Academia sobre o encontro "com meu camarada de universidade