Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada nesse país durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823

de recursos e de boa família, ajudado por um padre [Antônio de] Souto [Maior], audaz e empreendedor, que estava longe de ser o único partidário eclesiástico. A 2 de maio, deu-se um vigoroso ataque em Serinhaém, pela famosa divisão pernambucana do sul, até então invicta. Mas os assaltantes foram repelidos com perda da artilharia e da bagagem. Uma coluna, sob o comando de [Domingos José] Martins, que ali veio, teve a mesma sorte, com o que conduziu ele sua gente, bem como a do Sul, para o engenho Trapiche. A 6 de maio deixaram eles esta posição e, encontrando os legalistas comandados por Melo, tiveram uma completa derrota. Os chefes foram mortos ou caíram em poder do governo. Dos últimos, alguns foram exilados, outros aprisionados. Mas três deles, José Luís de Mendonça, Domingos José Martins e o padre Miguel Joaquim de Almeida [e Castro] foram enforcados na Bahia.

Nessa ocasião Luís do Rêgo Barreto foi nomeado pelo governo do Rio para o cargo de capitão-general de Pernambuco. Era ele natural de Portugal e tinha servido com distinção sob as ordens de Lorde Wellington. De inteligência firme e vigorosa, e muito cioso de sua honra de soldado, era talvez muito pouco condescendente para com o povo e com o espírito do tempo. As severas punições militares infligidas nessa ocasião certamente produziram irritação, que, apesar de não estourar imediatamente, foram a causa de muito aborrecimento depois e acarretaram ódio em relação a este elegante soldado, de que não pôde defendê-lo sua alta correção em outras situações.

Neste ano o ministério sofreu completa remodelação. O marquês de Aguiar, que sucedera ao conde de Linhares, morreu em janeiro, e o conde da Barca em junho. Tornou-se então o conde de Palmela primeiro ministro; [João Paulo] Bezerra passou a presidente do Tesouro, o conde dos Arcos secretário para os negócios de Marinha e Ultramar, o conde de Funchal conselheiro de Estado e Dom Tomás Antônio [de Vilanova] Portugal(*),Nota do Tradutor secretário da Casa de Bragança.