Não posso pretender falar do caráter da administração desses ou quaisquer outros ministros portugueses ou brasileiros. Minhas oportunidades de informação foram muito raras. Meus hábitos, como mulher e estrangeira, nunca me conduziram a situações onde pudesse adquirir o necessário conhecimento. Quero somente assinalar o curso dos acontecimentos, que, pelo encadeamento natural, foram as causas dos efeitos que se produziram sob meus olhos.
No princípio de 1818 publicaram-se no Rio algumas restrições adicionais relativas ao tráfico de escravos, com as quais havia concordado o conde de Palmela durante o último ano em Londres. Constituiu-se uma comissão mista de ingleses e portugueses para exame e decisão das causas originadas dos tratados sobre este grave assunto. Foram nomeados alguns comissários com residência em diferentes portos da África e Brasil em que o tráfico era ainda considerado legal.
Este ano abriu-se no Rio com uma festa incomum. A 22 de janeiro houve uma grande tourada em São Cristóvão — a casa de campo real — em honra do aniversário da jovem Princesa Real. Seguiu-se uma dança militar na qual se exibiram os vestuários de cada região dos domínios portugueses a leste e oeste. Apareceram Portugal, Algarve, África e Índia, China e Brasil para homenagear a ilustre estrangeira. A música, em que o gosto do rei era incomparável, formava uma grande parte do espetáculo e o Brasil talvez nunca tenha tido um festival tão magnífico.
A 6 de fevereiro deu-se a coroação de Sua Majestade o rei Dom João VI, e estas pacíficas comemorações caracterizaram o ano, que foi notavelmente tranquilo. O nascimento da jovem princesa Dona Maria da Glória foi um grato acontecimento não somente para a Corte como para os povos do Brasil. Tinham estes agora a herdeira do