tempo, ainda exasperaram mais o povo, preparando-o para uma resistência futura e mais obstinada.(*)Nota do Tradutor
A Bahia estava longe da tranquilidade. O velho ciúme que permanecia desde o tempo da transferência da sede do governo da cidade do Salvador para o Rio, combinado com outras causas, tendia a aumentar o desejo de um governo constitucional, do qual deviam advir todos os benefícios, e sob o qual, como se esperava, todos os abusos seriam reformados. O próprio Rio começou a manifestar os mesmos sentimentos. As províncias de São Paulo e Minas estavam sempre prontas a unir-se a qualquer causa que prometesse um aumento de liberdade. Toda a nação parecia à beira da revolução, senão da guerra civil.
O partido da Corte, porém, ainda confiava que a determinação do Rei de permanecer no Brasil, em vez de voltar a Lisboa e cair sob o poder das Cortes, seria tão grata aos brasileiros que eles prefeririam a perda das possíveis vantagens da constituição, à das vantagens positivas de conservar entre si a sede do governo. Mas era muito tarde. O gosto pelo progresso estava despertado. A administração fôra excessivamente corrupta, as extorsões pesadas demais para serem suportadas por mais tempo, quando a reforma parecia estar ao alcance da mão.
Os próprios soldados viram-se possuídos do mesmo espírito e, ainda que isto repugnasse altamente aos sentimentos do Rei, em breve ficou evidente que era inevitável aderir aos desejos do povo e à constituição, tal como as Cortes de Lisboa a estavam elaborando.
Diz-se que os mais prudentes ministros há muito tempo impeliam Sua Majestade a ceder aos desejos do povo, mas em vão. Sua relutância foi invencível, até que enfim, percebendo que se recorreria à força, adotou uma meia-medida que provavelmente apressou exatamente o acontecimento que ele estava ansioso por evitar.(30)Nota do Autor