tribunais distantes e às apelações além do oceano, e mais tudo aquilo que faz desagradável e degradante a condição de colônia? Outras questões: se alcançasse a independência deveria chegar até o ponto de formar um reino cuja capital seria o Rio, ou deveria haver várias províncias sem ligação, cada qual com seu governo supremo, responsável perante o rei e as Cortes de Lisboa? Os que tinham tendências republicanas e que visavam a um estado federado, inclinaram-se para a última hipótese. O mesmo faziam aqueles que temiam a separação final do Brasil da metrópole. Argumentavam que as províncias separadas poderiam ser facilmente dominadas, enquanto o Brasil unido sobrepujaria qualquer força que Portugal pudesse enviar contra ele, se surgisse qualquer luta entre os dois.
O povo, desconfiado de tudo, mas especialmente dos ministros, acusou o conde dos Arcos de traição e de querer reduzir o Brasil outra vez ao estado em que se encontrava antes de 1808. Insistiram pela sua demissão e pela nomeação de uma junta provisória que deveria estudar as melhores medidas de governo a serem adotadas até que chegasse de Lisboa a constituição das Cortes. Por isso, o 5 de junho, dia de sua demissão, foi celebrado como uma festa(37).Nota do Autor
Entretanto, embaraçado como se encontrava o governo com o tesouro vazio, com reclamações diárias e crescentes de todos os lados, não podia resolver de uma vez as causas dos aborrecimentos. A nova junta estava tão certa disso que a 16 de junho, ao publicar um convite a todos para que enviassem planos e projetos de melhoramentos e dados estatísticos sobre o país, acrescentou um apelo à tranquilidade, obediência e espera paciente até serem conhecidas as deliberações das Cortes, já agora acrescidas dos deputados brasileiros. Na mesma noite tanto as tropas portuguesas quanto as brasileiras ficaram de prontidão na cidade. Havia surgido violenta rivalidade