Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada nesse país durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823

festa a 21 e, conservando-a formada, localizaram-na, na manhã de 23, na praça defronte ao paço municipal, onde se reunia a câmara. Tocou-se então o sino da câmara, o povo acorreu à praça aos gritos de Viva El-Rei, Viva a Constituição, Viva o Príncipe Regente. Pediram então que fosse nomeada uma junta provisória para o governo da província e que José Bonifácio de Andrada e Silva fosse feito presidente dela. Realmente este patriótico e doutíssimo cidadão era natural do país, e estava ali residindo havia alguns anos, após haver estudado, viajado e combatido na Europa. Logo que esse nome foi proclamado, foi uma comissão à sua casa a fim de conduzi-lo ao paço municipal.

Já o estandarte da câmara havia sido arvorado a uma das janelas do paço e ali se colocaram os magistrados à vista do povo. José Bonifácio apareceu em outra janela e dirigiu-se ao povo em curto mas enérgico discurso, destinado a animá-lo e, ao mesmo tempo, inspirar-lhe calma, boa vontade e senso de ordem. Leu ele então, um por um, os nomes propostos pelos principais cidadãos para formar uma junta provisória, começando por João Carlos Augusto de Oeynhausen, que devia permanecer como general das armas da província. Cada nome era recebido com vivas(38).Nota do Autor Dirigiram-se em seguida à casa de José Bonifácio, para empossá-lo formalmente como presidente, e dali para a catedral, onde se cantou um Te-Deum. À noite iluminou-se o teatro como para um espetáculo de gala e o hino nacional foi cantado repetidas vezes. Desde então todos permaneceram tranquilos