expostas em quadros suspensos de cada lado da porta ou da janela da loja, à moda de dois séculos passados. A manufatura de suas correntes, cruzes, botões e outros ornamentos é curiosa e o preço do trabalho, calculado sobre o peso do metal, moderado.
As ruas estão, em geral, repletas de mercadorias inglesas. A cada porta as palavras Superfino de Londres saltam aos olhos: algodão estampado, panos largos, louça de barro, mas, acima de tudo, ferragens de Birmingham, podem-se obter um pouco mais caro do que em nossa terra nas lojas do Brasil, além de sedas, crepes e outros artigos da China. Mas qualquer cousa comprada a retalho numa loja inglesa ou francesa é, geralmente falando, muito caro.
Divirto-me com a visível apatia dos caixeiros brasileiros. Se estão empenhados, como atualmente não é raro, em falar de política, ou a ler jornais, ou simplesmente a gozar fresco nos fundos da loja, preferirão dizer, na maior parte das vezes, que não têm a mercadoria pedida a se levantar para procurá-la. E se o freguês insistir e apontá-la na loja, é friamente convidado a apanhá-la ele próprio e deixar o dinheiro. Isto aconteceu várias vezes enquanto procurávamos algumas ferramentas em nosso percurso ao longo da rua Direita, onde em cada duas casas há uma loja de ferragens com fornecimentos de Sheffield e Birmingham.
22 [de janeiro] — O aniversário da Princesa foi celebrado com tiros de canhão, uma revista militar e uma recepção. O capitão Prescott, da "Aurora" e o capitão Graham compareceram. Parece que o Príncipe tomou pouco conhecimento, ou nenhum, dos ingleses. Acho mais provável que os brasileiros estejam desconfiados de nós por causa de nossa longa aliança com Portugal. Além disso eles invertem a máxima: "os que não estão contra nós estão conosco", e pensam que, pelo fato de não estarmos por eles, estamos contra eles.(91)Nota do Autor