24 [de janeiro] — Partimos pela madrugada para a Bahia. Foi uma das belas manhãs deste belo clima, e a notável serra que fica por trás do Pão de Açúcar via-se melhor e com mais realce à luz matutina. A extrema beleza desta terra é tal que é impossível deixar de falar e pensar nela para sempre; não há curva que não apresente algum panorama tão belo quanto novo; e se um país montanhoso e pitoresco tem, realmente, mais que os outros, o poder de atrair seus habitantes, os fluminenses deveriam ser tão grandes patriotas quanto quaisquer outros no mundo.
8 de fevereiro, Bahia — Depois de uma quinzena de viagem, cujos dois primeiros dias foram calmos, seguidos de um vento rijo, que durou perto de três dias, ancoramos hoje na baía de Todos os Santos, que nos pareceu tão alegre como sempre. A eleição do novo Governo Provisório se deu ontem, em plena paz, e dos sete membros da junta só um é nascido em Portugal.
Observo que a linguagem dos escritores de gazetas é muito mais ousada que a do Rio, e penso que há aqui um espírito realmente republicano em número considerável de pessoas. Se ele se estende através da província, não posso julgar; afirmam-me, porém, que o desejo de independência e a decisão de conquistá-la, é universal.
10 [de fevereiro] — Fomos à terra ontem. O avanço da estação amadureceu as laranjas e mangas desde que deixamos a Bahia, mas aumentou o número de insetos, de modo que as noites não são mais silenciosas. O assobio, o chilrear, e o zumbido dos grilos, besouros e gafanhotos não cessam da manhã ao pôr do sol. E durante o dia inteiro as árvores e flores estão cercadas de miríades de brilhantes asas. Os insetos mais destrutivos são as formigas. Todas as variedades delas que podem prejudicar a vida vegetal se encontram aqui. Algumas formam ninhos, como imensos cones pendentes entre os galhos