Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada nesse país durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823

melodia de Henry Lawes(*),Nota do Tradutor

com que a noite e o espetáculo me haviam feito sonhar — mas a voz dos escravos, em noite de férias, enganando seus sofrimentos com cantigas estranhas tocadas em rudes instrumentos africanos. Tomando um de meus companheiros de bordo, fui logo às cabanas dos escravos casados, onde se realizava a função, e encontrei os grupos a brincar, a cantar e a dançar à luz da lua. A veneração supersticiosa por este belo planeta dizem ser bem generalizada na África, tal como pelas Plêiades entre os índios do Brasil; provavelmente os escravos, ainda que batizados, dançam para a lua lembrando-se de casa. Quanto aos instrumentos, são as coisas menos artificiais que jamais produziram sons musicais. E contudo não produzem efeito desagradável. Um é simplesmente composto de um pau torto, uma pequena cabaça vazia e uma só corda de fio de cobre. A boca da cabaça deve ser colocada na pele nua do peito, de modo que as costelas do tocador formam a caixa da ressonância, e a corda é percutida com um pauzinho.(**)Nota do Tradutor

Um segundo tem mais a aparência de um violão: a cabaça vazia é coberta com uma pele; tem um cavalete e duas cordas; é tocado com os dedos. Um outro, da mesma classe, é tocado com um arco; não tem senão uma corda, mas é trasteado com os dedos. Todos eles são chamados gourmis [sic]. Havia, além deles, tambores feitos de escavações em troncos de árvores, de quatro ou cinco pés de comprido, fechados de um lado com madeira e recobertos de pele do outro lado. Para tocá-los, o tocador põe o instrumento no chão, monta em cima, e bate o ritmo com as mãos para seu próprio canto ou para o som dos gourmis.(***)Nota do Tradutor A pequena marimba tem um som

[link=7306]Pintura de Maria Graham: Fazenda de Nossa Senhora da Luz[link]