Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada nesse país durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823

a de um morro cônico moderadamente alto, parecendo muito branco sob o céu cinza pálido. Podia estar a 12 milhas de nós. A temperatura da água era de 36° do termômetro Fahrenheit, a do ar 38°, no momento em que o gelo estava mais perto.

Durante alguns dias o balanço violento do navio, causado pelo mar grosso, tornou a escrita e o desenho aborrecidos, pois como diz a canção de Lorde Dorset(*):Nota do Tradutor



"Our paper, pens, and ink, and we

Roll up and down our ships at sea."(**)Nota do Tradutor

Contudo não estamos ociosos. Como na cabine há sempre bom fogo, é ela o ponto de encontro dos doentes e os guardas-marinha entram e saem como querem, como na sala de estudo. Num canto Glennie guarda seus aparelhos para tirar a pele e dissecar os pássaros que apanhamos; e temos constantemente ocasião de admirar as belas invenções da natureza provendo as suas criaturas. Estes imensos pássaros do mar, que encontramos tão longe de qualquer terra, têm de cada lado grandes bolsas de ar colocadas abaixo das asas, e nelas se apoiam o fígado, a moela e as entranhas. Em cada moela dos que já abrimos, havia duas pequenas pedrinhas de tamanho desigual, e a moela é muito áspera por dentro. Encontramos mais alimentação vegetal que animal em seus estômagos.

20 de abril, 1822 — Chegamos hoje à costa do Chile. Continuei a escrever meu diário regularmente, mas ainda que perto de dois anos se tenham passado desde que o escrevi, não tenho ânimo para copiá-lo. O de 3 de abril em diante tornou-se o registro de um agudo tormento. De minha parte esperanças e temores alternados através de dias e noites de escuridão e tempestades, que agravam a desgraça dessas horas desgraçadas. Na noite de 9 de abril, pude despir-me, e ir para