Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada nesse país durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823

10 [de abril) — Nada digno de nota ou de anormal aconteceu durante estes dez dias. Glennie está ganhando terreno. Eu leio, escrevo e o acompanho. A "Niterói" parte amanhã para encontrar Lorde Cochrane ao largo da Bahia, com três morteiros a bordo, dois de dez e um de 13 polegadas. Vejo com surpresa que os cartuchos são ainda feitos aqui de lona e não de flanela; e temo que os navios não estejam tão bem armados como gostaria que estivessem: grande parte das velas e do cordame esteve 17 anos guardada e tenho medo que esteja em parte podre. Mas tudo isso não é nada comparado ao perigo de ter portugueses na tripulação. Não é natural que combatam os seus patrícios.

Tenho tido o prazer de ler, durante estes poucos dias, Peveril of the Peak. É uma espécie de retrato histórico, como Kenilworth, em que o duque de Buckingham, aquele que

"no período de uma lua,

era herói, rabequista, estadista e bufão",

tem o papel principal; Carlos II e o resto da Corte fazem o papel de negrinho e de papagaio, enquanto a história de Peveril não é mais que uma frisa esculpida em madeira no cenário muito condigno em que ele foi colocado.(*)Nota do Tradutor

14 [de abril] — A "Fly", chalupa de guerra, e o paquete inglês chegaram trazendo as notícias da guerra entre a França e a Espanha. Estas notícias, naturalmente, interessam aqui, já que Portugal é considerado como implicado nas disputas da Europa, de modo que o partido que a Inglaterra tomará, as consequências disso sobre este país são assuntos de ansiosas suposições. As notícias de natureza mais doméstica não são muito agradáveis. O general do Império Lecor, no Sul, teve algumas perdas em luta com os portugueses; mas não são consideradas