Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada nesse país durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823

dos quais alguns homens da expedição viajaram 40 léguas pelo interior. Erigiram um pequeno forte, e ali deixaram 12 homens com armas e provisões, e, após carregarem os dois navios com pau-brasil, macacos e papagaios, voltaram a Lisboa em princípios de 1504.(*)Nota do Tradutor

Mas, uma vez que o Brasil, como agora começou a ser chamado, não prometia o grande suprimento de ouro que os espanhóis haviam descoberto em suas novas terras, ouro esse que os portugueses obtinham com menos risco na África e no Oriente, a terra deixou por certo tempo de interessar ao governo. Os primeiros estabelecimentos foram efetivamente fundados por aventureiros particulares que, para garantir seus negócios, tinham interesse em manter uma espécie de agentes junto à população. Os primeiros aproveitados para essa função foram criminosos. Num país despovoado, em que nada se tivesse de fazer senão conquistar terras, essa espécie de colonos poderia ser de alguma vantagem. Mas numa terra onde havia muitos selvagens, os resultados são desastrosos, uma vez que, ou eles se degradam ao nível dos próprios nativos, quando em boas relações com eles, ou, em caso contrário, são capazes de praticar contra os mesmos crueldades e injustiças tais que lhes provocam o ódio, tornando difícil a colonização. E, ainda quando lhes ensinam alguma coisa, só divulgam o que há de pior na vida das nações civilizadas.

Mas, em 1508, tendo Américo Vespucci voltado ao serviço de Espanha, o rei deste país resolveu tomar posse da nova terra que fôra descoberta. Fundamentando-se nas concessões de Alexandre VI, enviou Vicente Yañez Pinzón e Juan Dias de Solis para garantir os seus direitos. Alcançaram o cabo de Santo Agostinho, que Pinzón havia descoberto, e percorreram a costa até 40º de latitude Sul, erguendo cruzes por onde passavam. Mas surgindo desentendimentos entre os dois navegadores, voltaram eles à