homens, destes que fazem brasil, que colhem em cada um ano a mil e a dous mil quintais dele, que todos acarretam com seus bois; e depois de posto no passo o vendem por preço de sete a oito tostões o quintal, (cerca de 3$000 o quilo, valor de hoje) e às vezes mais, no que vem a granjear grande cópia de dinheiro, e por este modo se tem feito muitos homens ricos."
Teremos, porém, oportunidade de verificar que, mesmo quanto à indústria extrativa em geral, não soubemos tirar todos os benefícios que poderia proporcionar ao meio social brasileiro. Ainda aí, a política colonial, seguida desde os primeiros tempos modernos pelas nações do norte da Europa, fizeram com que sempre tivessem preferência em seus mercados os produtos da indústria extrativa oriundos de seus próprios domínios. Acresciam as circunstâncias do atraso de nossa cultura, do relativo isolamento em que vivíamos, e da nossa ignorância quanto ao valor exato das riquezas naturais que possuíamos.
Portugal, que exercia o monopólio do comércio com o Brasil, era pouco populoso e pouco industrial; com o sistema de monopólios, também adotado pelos demais impérios coloniais, os artigos da indústria extrativa brasileira só eram procurados e, irregularmente, quando, devido à grande expansão industrial, não bastava, aos países europeus, o suprimento de suas próprias colônias.
No reinado de D. João III a renda do pau-brasil não representava ainda cinco por cento da receita total do erário público português, não dando para cobrir as despesas com a defesa das novas terras e do comércio lusitano. Nos Dialogos das grandezas do Brasil há menção que, no fim do século XVI, o arrendamento do pau-brasil rendia mais de 40 mil cruzados por ano, isto é cerca de 3.600 contos, em valor de hoje. Nos tempos dos Philippes, o monopólio real da madeira tintorial estava arrendado