História econômica do Brasil; 1500-1820

Portanto, mesmo depois do grito do Ipiranga, conservou a Coroa o monopólio do produto, até que os progressos da indústria química e a nossa ignorância na oportuna defesa agrícola de nossas plantas tintoriais extinguiram o seu comércio.

E assim se explica que, ao evocar o nome da nossa terra, ninguém mais o ligue às preocupações mercantis com que foi adotado, e a nenhuma razão, em nossos dias, desta acrimoniosa exclamação de um jesuíta daquela época: "Vergonha, que a cupidez do homem, por preocupações de tráfico, substituísse o lenho da cruz, tinto com o real sangue de Cristo, pelo de outra madeira, semelhante somente na cor."



Moedas, câmbio e poder aquisitivo

Antes de prosseguirmos nas considerações sobre a história da economia brasileira, torna-se mister acentuar os grandes obstáculos que deparamos na determinação dos algarismos indicadores dos valores econômicos nas diferentes épocas, não só pela deficiência de fontes informativas, mas também pela disparidade de muitos dados encontrados e a dança dos câmbios e das moedas. Resolvemos adotar como padrão de referências o valor ouro.

Ora, há, sem dúvida alguma, grande dificuldade em se comparar o valor aquisitivo do ouro em épocas muito distantes. E essa dificuldade surge, quase intransponível, na escolha dos elementos para a formação dos índices de custo de vida, dada a circunstância de desconhecermos de um modo preciso a quantidade de mercadorias de maior consumo, na época considerada, para compará-la com a quantidade de mercadorias adquiridas em nossos dias e que servem de base à