História econômica do Brasil; 1500-1820

Quem a versaria? Como todos se escusassem, e ele, grande industrial e perito financeiro, houvesse o mais — conhecimentos econômicos indispensáveis — lançou-se ao menos, que devia ser a história econômica do Brasil.

Mas não havia nada. Só havia história política e administrativa do Brasil. Ainda não tiveram tempo os nossos historiadores.

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O mais divulgado dos historiadores argentinos, Vicente Fidel Lopes, começa sua história argentina, como devia ser, do começo: Del comércio antes del descubrimiento del nuevo mundo, vindo da natureza psicológica do comércio até as cruzadas. Depois são as explorações dos portugueses, o advento de Colombo, e, no capítulo VIII, chega ao descobrimento e exploração do Rio da Prata... Num livro secundário, de história geral. A nossa sempre começou da partida de Cabral, as calmarias africanas ou o propósito, Porto Seguro, 1500, aborígenes, donatários, governadores gerais... e vai por aí, administração, administração, às vezes um pouco de política. E é tudo. Parece, à nossa incultura, que meter aí economia, sociologia, será rebaixar os coturnos da história política sacerdotal, de reis, batalhas, vice-reis, guerrilhas, proclamações... Roberto Simonsen, graças a esse desprestígio, pôde assumir a responsabilidade de um curso de história da economia brasileira que, realizado, pela repercussão que logo foi tendo, imitação, concorrência, contradição, se transformou em verdadeira história econômica do Brasil.

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