machados, martelos, cantins e junteiras, pregos e plainas. Quer a fábrica do açúcar paróis, e caldeiras, tachas e bacias, e outros muitos instrumentos menores, todos de cobre; cujo preço passa de oito mil cruzados, ainda quando se vende, não tão caro, como nos anos presentes. São finalmente necessárias além das senzalas dos escravos, e além das moradas do capelão, feitores, mestre, purgador, banqueiro, e caixeiro, uma capela decente com seus ornamentos, todo o aparelho do altar, e umas casas para o senhor do engenho com seu quarto separado para os hóspedes, que no Brasil, falto totalmente de estalagens, são contínuos; e o edifício do engenho, forte e espaçoso, com as mais oficinas, e casa de purgar, caixaria, alambique e outras cousas, que por miúdas aqui se escusa apontá-las, e delas se falará.
O que tudo bem considerado, assim como obriga a uns homens de bastante cabedal, e de bom juízo, a quererem antes serem lavradores possantes de cana com um, ou dous partidos de mil pães de açúcar, com 30, ou 40 escravos de enxada, e fouce; do que senhores de engenhos por poucos anos com a lida, e atenção que pede o governo de toda essa fábrica; assim é para pasmar como hoje se atrevem tantos a levantar engenhocas, tanto que chegaram a ter algum número de escravos, e acharam quem lhes emprestasse alguma quantidade de dinheiro para começar a tratar de uma obra, de que não são capazes por falta de governo, e diligência; e muito mais por ficarem logo na primeira safra tão empenhados com dívidas, que na segunda, ou terceira já se declaram perdidos: sendo juntamente causa, que os que fiaram deles, dando-lhes fazenda e dinheiro, também quebrem, e que outros zombem da sua mal fundada presunção, que tão depressa converteu em palha seca aquela primeira verdura de uma aparente, mas enganosa esperança.