Servem ao senhor de engenho em vários ofícios, além dos escravos de enxada, e fouce, que tem nas fazendas, e na moenda, e fora dos mulatos e mulatas, negros e negras, de casa, ou ocupados em outras partes, barqueiros, canoeiros, calafates, carapinas, carreiros, oleiros, vaqueiros, pastores e pescadores. Tem mais cada senhor destes necessariamente um mestre de açúcar, um banqueiro, e um contra-banqueiro, um purgador, um caixeiro no engenho, e outro na cidade, feitores nos partidos e roças, um feitor-mor do engenho; e para o espiritual, um sacerdote seu capelão; e cada qual destes oficiais tem soldada."
A escravatura
"Toda a escravatura (que nos maiores engenhos passa o número de 150 a 200 peças contando as dos partidos) quer mantimentos, e fardas, medicamentos, enfermaria, e enfermeiro; e para isso sito necessárias roças de muitas mil covas de mandioca. Querem os barcos, velames, cabos, cordas e breo. Querem as fornalhas, que por sete, ou oito meses ardem de dia e de noite muita lenha; e para isso há mister dous barcos velejados, para se buscar nos portos, indo um atrás do outro sem parar, e muito dinheiro para as comprar; ou grandes matos, com muitos carros, e muitas juntas de boi para se trazer. Querem os canaviais também suas barcas, e carros com dobradas esquipações de bois. Querem enxadas, e fouces. Querem as serrarias machados, e serras. Quer a moenda de toda a casta de paus de lei de sobresselente, e muitos quintais de aço, e de ferro. Quer a carpintaria madeiras seletas e fortes para esteios, vigas, aspas e rodas; e pelo menos os instrumentos mais usuais, a saber: serras, trados, verrumas, compassos, réguas, escropos, enxós, goivas,