História econômica do Brasil; 1500-1820

pesquisando os vários campos de atividade brasileira no período colonial, apontaria os elementos comprovantes.

As condições, sob as quais se processavam o tráfico africano e a navegação, contribuem também para confirmar o nosso ponto de vista. No preâmbulo desta cadeira, fizemos, muito propositadamente, um resumo histórico da navegação, para que pudéssemos tê-la como escala de referência nas diversas etapas da evolução econômica. Ora, nos séculos XVII e XVIII, ela se apresentava ainda bastante deficiente. Foi somente depois dos grandes aperfeiçoamentos marítimos, da descoberta da máquina a vapor e da utilização da hélice, que se possibilitaram as grandes migrações humanas.

A história do tráfico negreiro apresenta fases que também nos conferem alguns elementos de controle. O fornecimento de braços para a América espanhola foi, num dado período, considerado um dos grandes negócios internacionais. Os asientos, como eram então chamados esses contratos, foram disputadíssimos pelas grandes nações. George Scelle, em importante trabalho sobre o tráfico negreiro para as Índias de Castella, estuda exaustivamente o assunto e publica os principais contratos realizados.

No final do século XVIII, os portugueses conseguiram um asiento com Castella (1693). A esse contrato associou-se o rei de Portugal, que tomou 4/5 do capital, na companhia formada para negócio reputado tão rendoso. A empresa se encarregava de introduzir, nas Índias espanholas, em nove anos e oito meses, de 1693 a 1703, dez mil toneladas de negros, calculadas na base de três peças da Índia por tonelada. Cada peça da Índia era representada por sete quartas, cerca de