Franceses, ingleses e holandeses apossaram-se de regiões do nordeste da América meridional, entre a tierra firme espanhola e a faixa da ocupação portuguesa. Os holandeses criaram o Brasil holandês, em que dominaram por cerca de cinco lustros. Povo grandemente mercantil, indo buscar em Lisboa o açúcar do Brasil e as especiarias da Índia, para a sua distribuição pelo norte da Europa, foi compelido a procurar, nos próprios países de origem, os artigos que Portugal, por imposição espanhola, estava vedado com ele negociar. Os elementos lusitanos e nativos, interessados na indústria do açúcar, não se conformaram, vendo-se assim despojados de tão grande riqueza. Daí, um fundamento econômico para a reação, que culminou com a expulsão dos batavos da Terra de Santa Cruz.
Mais ao norte, foi ainda o açúcar que forneceu os principais elementos para armar a gente da terra, a qual, apoiada por espanhóis e portugueses, realiza a expulsão dos ocupantes da costa leste-oeste. Em virtude da união das Coroas lusa e espanhola, foi delegada à administração portuguesa no Brasil a expulsão dos elementos estranhos implantados naquela costa e na Bacia Amazônica e a proceder a sua ocupação e administração, sem que se procurasse indagar a que Coroa estariam afetos tais trabalhos por força da linha de Tordesilhas.
O açúcar proporcionava recursos suficientes para o custeio dessas expedições. A esperança da conquista de novas terras, próprias para canaviais e engenhos, assim como a preocupação de evitar possíveis concorrentes em tão rica indústria, contribuíram, como forte estimulante, para a atuação dos portugueses. Daí, a expulsão dos franceses, ingleses e holandeses das margens do Amazonas, a investida vitoriosa contra as hordas bravias dos selvagens e a ocupação da costa leste-oeste, cuja navegação, pelo regime dos ventos,