História econômica do Brasil; 1500-1820

quando grandes manadas atravessam um rio, sempre se afogam mais touros do que vacas. Não tardou a haver quem por milhares e por dezenas de milhares contasse o seu gado num país onde as pastagens eram do tamanho de qualquer freguesia rural da Europa, excedendo a área de uma só estância muitas vezes a de um condado da Inglaterra. Não faltavam pessoas que possuíssem cem mil cabeças, nem reduções que tivessem mais de meio milhão, número não desmesurado, onde mais de 40 reses se cortavam diariamente para consumo dos moradores. Uma grande porção era furtada, outra, maior ainda, era presa dos índios hostis, tigres e cães bravos, perecendo miseravelmente um sem número de bezerros vítimas das moscas que se podem chamar por excelência a praga do Paraguai. O gado bravo muito excedia em número o semidomesticado. Com igual rapidez se haviam multiplicado os cavalos. A grande propagação destes animais numa terra, onde antes da descoberta nenhuns existiam daquela espécie, veio alterar até as características físicas do país. Desapareceram as plantas bulbosas e as numerosas espécies de pitas ou caraguatás, que antes cobriam as planícies, vindo substituí-las um pasto fino e uma sorte de cardo rasteiro assaz forte para resistir ao pisar dos animais que fora o que destruíra a primitiva ervagem". (15)Nota do Autor

Virgilio Corrêa Filho em uma de suas Monographias Cuiabanas, assim comenta o incidente:

"O nome do esperto boiadeiro gravou-se nos fastos da pecuária sul-americana, insculpido pela pena do primeiro cronista paraguaio, que lhe historia o feito relevante.

Enquanto proliferava, ao redor de São Vicente, o rebanho bovino, trazido, em 1534, por ordem de D. Anna