História econômica do Brasil; 1500-1820

de uma melhor base econômica, que lhe assegurasse o padrão de vida a que aspirava.

Não produzia o planalto, em condições econômicas, nenhum desses produtos exóticos dos climas tropicais que justificassem o estabelecimento, com a metrópole, das onerosas linhas do comércio do tempo. Suas culturas, trigo, mandioca, milho, vinha, algodão, marmelos e outras frutas e a criação de algum gado eram praticadas para o próprio consumo. Piratininga estava ainda praticamente isolada do acesso ao mar, difíceis como eram os caminhos, cujo percurso absorvia quatro dias em penosas condições. (8)Nota do Autor

Em um ambiente pobre e desprovido de tudo, com o regime econômico da época, tinham os colonos que lançar mão do braço escravo para lhes assegurar os meios de subsistência. Os moradores do Brasil "a primeira cousa que pretendem alcançar são escravos para lhes fazerem e granjearem suas roças e fazendas, porque sem eles não se podiam sustentar na terra", escrevia Gandavo, em 1570. Sem comércio e sem exportação não podiam pagar o braço africano, tinham que se contentar com o braço índio. Os aprisionados em guerra justa esgotavam-se rapidamente. Com o crescimento do núcleo social primitivo cresciam, também, as necessidades e a ambição de acumular sobras — um dos característicos da mentalidade capitalística, então em formação. Com a crescente procura de braços começaram a progredir as investidas para o preamento de índios.

A esperança de encontrar pedras e metais preciosos atuou também como um forte elemento de emulação