Não obstante o valor de que se reveste, não deve causar surpresa a ausência desta cadeira nas faculdades superiores do Brasil. Na Inglaterra, a grande criadora das principais instituições econômicas, só em 1910 se criou, em Manchester, uma cadeira de história econômica, que logo desapareceu com a morte de Unwin, seu primeiro regedor. Cambridge adotou-a em 1928, Oxford em 1931. Nos Estados Unidos, se a Universidade de Harvard instituiu a cadeira de História da Economia Americana, no último quartel do século passado, foram poucas as universidades que seguiram o seu exemplo e assim mesmo em época muito recente.
Eram, até há pouco tempo, relativamente raros os historiadores que se ocupavam de tal assunto. No Brasil, para só falar dos mortos, possuímos eruditos estudos feitos por Varnhagen, Capistrano de Abreu, Vieira Souto, Amaro Cavalcanti, Calogeras e alguns outros. A Calogeras, cuja memória cada vez mais veneramos, e sob cujas inspirações gostaríamos de poder lançar esta cadeira, devemos, entre outros, os notáveis trabalhos sobre a política monetária, as minas do Brasil e a política exterior do Império.
O campo da história econômica é vastíssimo e não nos cansaremos de chamar para o seu estudo a atenção dos brasileiros, com o propósito de uma efetiva sistematização, de que deverão resultar reais e incontestáveis proveitos para o país. Mesmo no estrangeiro, são relativamente recentes os historiadores e os economistas que se ocupam do assunto. No século passado, Cunningham, na Inglaterra, Schmoller e Knapp, na Alemanha, Fustel de Coulanges, na França, já acentuavam a inter-relação existente entre a história econômica e a história política.
Carlos Marx, em suas apaixonadas críticas sobre o capitalismo, via em todos os acontecimentos políticos, gerando-os e explicando-os, o substrato econômico.