História econômica do Brasil; 1500-1820

No Brasil, onde só constava, de início, a existência de pau-brasil, bugios e papagaios, não se justificava uma larga exploração mercantil à moda do tempo.

Que o espirito religioso já não era o dominante e cedia lugar ao mercantil, prova-o o próprio nome dado à nossa terra que, de Vera Cruz ou Santa Cruz, como fora oficialmente batizada, teve esse nome alterado para o da riqueza que então se supunha principal. João de Barros, em sua acrisolada fé cristã, já clamava que "por artes diabólicas se mudava o nome de Santa Cruz, tão pio e devoto para o de um pau de tingir panos".

A Europa, ainda pouco povoada, não tinha necessidade, por motivos demográficos, de promover emigrações. A ambição dos grandes Estados absolutos norteava-se para um maior enriquecimento, do qual derivaria o poder militar. Foram, pois, principalmente de ordem econômica, os fatores dominantes, no início da exploração da América.

No estudo que vamos empreender, procuraremos fazer um trabalho sinceramente objetivo, visando focalizar os fatos ligados às atividades econômicas do homem em nossa terra, desde a sua descoberta, analisando a formação econômica que acompanhou a da sociedade brasileira.

De partida, devemos assinalar que são profundas as diferenças das condições em que se processou a nossa economia, comparativamente com as das demais nações, cujas vidas principiaram contemporaneamente com a nossa. A fase inicial das colônias espanholas se assinala com a exploração dos metais ricos, pelo aproveitamento do trabalho servil das populações autóctones. Apesar de serem aventureiros os primeiros exploradores, houve mais tarde a preocupação, por parte dos espanhóis, da seleção dos elementos que partiram para prosseguir a colonização branca. Posteriormente, quando se passou à fase da exploração de produtos tropicais,