a se desenvolver, as dificuldades de transportes e o meio físico brasileiro não justificavam que se fizesse, naquele instante, um esforço para a implantação da agricultura, somente permissível em ambiente de maior segurança, aliada a uma fácil e abundante mão-de-obra e a outras circunstâncias.
Com a falta de maquinários, com o atraso dos processos técnicos e por força da concorrência dos produtos asiáticos, só o braço escravo, e na devida oportunidade, poderia oferecer as condições de apoio necessárias. Foi o que os fatos posteriormente demonstraram, quando a procura violenta de produtos tropicais, resultante da intensificação do comércio e do crescimento gigantesco que iam tendo as populações na Europa, em número e em poder aquisitivo, criou no mercado as grandes necessidades de mão-de-obra e o vultoso tráfico africano, cujas cifras, no século XIX, haveriam de espantar a civilização.
O comércio, no início da era moderna, tinha que principiar com o escambo dos artigos já produzidos. Muito mais subordinados do que hoje à capacidade produtora da terra, os homens emprestavam às condições da natureza um valor excepcional; e quando se operou o brusco alargamento dos mercados, os mais fortes compeliram em seu proveito os mais fracos ao trato das novas terras. E a força bruta foi o meio empregado nesse objetivo.
Com o evoluir do capitalismo e do progresso, foram os capitais assumindo o papel de força preponderante na organização da produção, procurando tirar dela os maiores proventos; mas a própria organização social que auxiliaram a ornar, permitiu uma maior difusão da cultura, e surgiu, enfim, a tendência de tornar predominante, em valor e em remuneração, o homem livre como fator da produção.