possível depois da derrota e destruição de uma esquadra inimiga nos mares da ilha de Chipre, de onde foram expulsos os persas, assegurando assim os helenos o domínio dos mares.
As três bem conhecidas guerras púnicas entre Cartago e Roma e que se prolongaram por mais de um século (264-146 antes de Cristo), com largos intervalos de paz que apenas serviram para intensificar o ódio entre as duas grandes cidades, tiveram como causas principais a preponderância comercial e o domínio do Mediterrâneo e constituiram a luta entre a velha civilização fenícia que periclitava e a civilização greco-romana que se erguia pujante e dominadora.
De um lado Cartago, que havia crescido celeremente e se tornara o maior empório comercial daqueles tempos, vivia entregue aos prazeres, ao luxo e à devassidão, consequentes às grandes riquezas que acumulara. A noção de pátria eclipsava-se à medida que os gozos materiais cada dia mais se refinavam. Os vícios e a corrupção substituiram pouco a pouco a antiga austeridade de costumes. Como sempre acontece, os exemplos partidos do alto, dos ricos e poderosos, infiltravam-se nas populações até as classes menos abastadas, tudo corroendo e aviltando. Era o regime do parasitismo que terminaria por absorver o robusto organismo, conspurcando-o e destruindo-o. O cidadão cartaginês entregou aos mercenários os cuidados da defesa da pátria ameaçada e nada demovia a incúria em que persistia.
o outro lado Roma, que se alçava impávida e cheia de vida, com seu organismo sadio e forte, onde imperavam as virtudes dominadoras de que se orgulhavam os cidadãos, as quais os impeliam para os grandes cometimentos, para as lutas pela grandeza da pátria, para a glória. Ao passo que se extinguia o patriotismo cartaginês, o romano ascendia à culminância.