Neste, a vida do cidadão somente tinha valor para a pátria e pela pátria, cuja defesa constituía para ele um prazer e uma honra. O egoísmo não existia. Roma era tudo para o cidadão romano, que se não pertencia. As grandes e sucessivas derrotas que sofreu durante as duas primeiras guerras púnicas nunca lhe abateram o ânimo varonil e serviram para melhor estimulá-lo na persistência pela vitória de Roma.
Era a luta do vício e da virtude.
A primeira dessas guerras (264-241) teve como causa imediata a conquista e posse da Sicília.
Um povo de aventureiros do Brucio — os mamertinos — que se diziam filhos de Marte, atacaram Messina e dela se apoderaram. A presa era também cobiçada pelos siracusanos e pelos cartagineses. Hieron, tirano de Siracusa, conseguiu bater os mamertinose sitiá-los naquela cidade. Em seguida chegam os cartagineses comandados por Hannon, governador das ilhas Eólias (Lipari). Atacados por dois inimigos ao mesmo tempo, os mamertinos apelaram para o senado romano lembrando sua origem itálica.
Roma resolveu intervir e o tribuno Claudio conseguiu penetrar em Messina à frente de um exército apesar da vigilância de Hannon. Aliaram-se cartagineses e siracusanos e juntos sitiaram Claudio. Um exército romano de 20 mil homens comandados pelo cônsul Appio Claudio Caudex desembarcou na Sicília iludindo a vigilância dos aliados no estreito e bateu os cartagineses e os siracusanos. Amedrontado, Hieron submeteu-se e tornou-se fiel aliado de Roma.
Não obstante essas vitórias, a situação dos romanos não era vantajosa porque o domínio dos mares pertencia aos cartagineses e estes não só vigiavam o estreito de Messina como desembarcavam com facilidade tropas na Sicília.