As forças armadas e o destino histórico nacional

tempo em que vivem e agem e do espaço no qual sua atividade se exerce.

No Brasil a independência foi proclamada no momento histórico preciso em que a ideia estava preparada, pelo consenso unânime dos brasileiros de então, guiados por um grupo de eminentes concidadãos. A forma de governo adotada pela revolução — a monarquia constitucional — foi justamente a que estava em evidência no século, a que era própria. O fenômeno assim facilitado em sua realização, teve entretanto a complicá-lo o meio indisciplinado em que se efetuou, ambiente de desconfianças generalizadas pelas intrigas, ambições, suspeitas e ódios entre brasileiros e portugueses.

D. Pedro, príncipe português sob cujos auspícios se ultimou a revolução, viu-se assim coagido entre uns e outros do mesmo modo que seu pai, também como ele não distinguindo uns de outros, porém sem a força de vontade e firmeza imprescindíveis para dar aos brasileiros, e só a estes, salvo raras exceções, os cargos públicos que lhes cabiam por equidade e como era necessário para a estabilidade da autoridade imperial.

Em vez disso, ora estava ao lado dos brasileiros ora ao lado dos portugueses, fazendo assim periclitar o seu prestígio e a sua autoridade. Essa atitude dúbia foi a causa principal dos acontecimentos que se sucederam, indispondo o imperador com os brasileiros, fator importante da recrudescência do antagonismo entre eles e os portugueses, aumentando consideravelmente a indisciplina das classes sociais, entre as quais as forças armadas, que revoltadas na praça pública deram causa, sem o prever, à abdicação. Desse estado de coisas surgiram as agitações que determinaram o 7 de abril e as revoluções no Rio e nas províncias na época dos governos regenciais, as quais tanto ameaçaram a integridade do Brasil, que só não se desmembrou